28 de julho de 2014

“Drogas anestesiavam tudo. Minha vida era um campo de batalhas”, Demi Lovato para o Daily MAIL

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Recentemente, foi divulgada uma entrevista que Demi concedeu para o Daily Mail, logo após a sessão de fotospara a You Magazine. Nela Lovato conta vários detalhes de sua infância conturbada, os distúrbios alimentares e como ela passou por cima de tudo isso e hoje é um exemplo para jovens e adultos. Confira a matéria abaixo traduzida:

Fonte: DailyMail


Depois de passar a adolescência lutando com distúrbios pessoais, a cantora e atriz da Disney, Demi Lovato encarou vícios e distúrbio alimentar. Agora em recuperação, ela diz a Catherine O’Brien por que ela pensa que pode ser a esperança da próxima geração.

Em seu livro Staying Strong, Demi Lovato aconselha que todas as mulheres devem ter um mantra. O dela, ‘Você foi feita de modo lindo e maravilhoso’. Pode soar como modinha, mas depois de passar duas horas vendo Demi vestir sua vibe rock-chic em saias coladas e saltos gigantes para a YOU Magazine, não tenho dúvidas de que funciona.

Na frente das câmeras, Demi exala confiança – se produzindo e posando na demanda. Mas agora o fotógrafo declarou como um envoltório, ela muda para leggings e botas, e algo sobre o modo como ela senta abraçada aos joelhos no sofá me diz que o mantra não está mais fazendo sua mágica.

‘Foi divertido, eu adorei’ ela diz. ‘Mas na verdade eu não diria que estou confortável na minha pele hoje. Estou tendo aquele período mensal um pouco inchada e minhas roupas não servem. Mas eu sou uma mulher e isso acontece, então eu agradeço pelo photoshop! Beleza natural é legal para selfies e twitter, mas quanto a sessões de fotos, bem, photoshop não faz mal.’

Que qualquer artista, particularmente uma diva pop com um álbum multi-platina como Demi, ocasionalmente contaria com um pouco de aprimoramento digital é pouco surpreendente. Mas, como os 17 milhões de fãs no facebook e 23 no twitter já sabem, ela não é uma estrela que segue as regras.

No ano passado, Demi confessou que já foi tão viciada em cocaína que carregava a droga em aviões para garantir que poderia usar um pouco. ‘Eu escondia e esperava até que todos na primeira classe estivessem dormindo para ir ao banheiro e usar a droga.’ Foi uma revelação chocante – ainda mais por vir dos lábios de uma princesa da Disney que iniciou a carreira aos 7 anos de idade em Barney e seus Amigos. Para um telespectador casual, Demi parecia ser a garota com um futuro de ouro; a realidade era que ela tinha crescido e se transformado em uma mulher com problemas, incluindo um distúrbio alimentar, auto mutilação e dependência de álcool e drogas.

É claro, celebridades mirins que, por trás das câmeras, começam a se pressionar de maneira auto-destrutiva não são um fenômeno novo – Amigas de Demi; Lindsay Lohan, Miley Cyrus e Selena Gomez sabem bem disso.

A diferença com Demi parece ser não só o fato de que ela confrontou seus demônios e trouxe sua carreira de volta – ela atualmente divulga o quarto álbum DEMI, enquanto faz colaborações com The Vamps, antes de embarcar em uma turnê mundial que inclui shows com Enrique Iglesias como participação especial no Reino Unido em novembro – mas também que fez uma decisão consciente sobre ser aberta em relação a seus distúrbios mentais.

A motivação principal, ela diz, é usar sua história como esperada para a próxima geração – ela é seguida por uma massa adolescente e no seu recente show esgotado em KoKo, Londres, fãs dormiam do lado de fora durante a noite toda para vê-la. Mas ela assume que há um preço para ela também.

‘Quando você não está mais escondendo nada, você não se preocupa com o que vai vazar. Eu não me importo com quem sabe da minha vida, e agora que eu sou um livro aberto um peso enorme foi retirado dos meus ombros.’
Agora com 21, Demi nasceu no Novo México, filha de Patrick, que era engenheiro, e Dianna, que já foi cantora country. Quando ela tinha 2 anos, os pais se divorciaram e Demi se mudou para o Texas com a mãe e a irmã mais velha Dallas, agora com 26. Dianna se casou novamente, e com seu marido Eddie De La Garza, administrador de uma concessionária de carros, teve a meia irmã de Demi, Madison, que agora tem 12 anos e também é uma atriz bem sucedida – ela interpretou Juanita Solis em DesperateHousewives.

Demi diz que consegue se lembrar de aos 5 anos assistir sua mãe se apresentar com artistas como Hank Williams Jr e George Strait e que pensar que ela também queria ser uma cantora. Mas ela também sofreu com a rivalidade da irmã mais velha. ‘Eu me sentia como se estivesse na sombra da minha irmã,’ ela diz. ‘Dallas não fez eu me sentir assim de propósito, mas eu sentia que nunca poderia brilhar completamente porque ela era bonita, líder de torcida, a popular e eu era a garotinha estranha e bochechuda com sobrancelhas grandes.’

Ambas, Dallas e Demi participaram de concursos de beleza e fizeram aulas de dança e teatro, e logo Demi teve sua primeira chance ao lado de Selena Gomez em Barney e seus Amigos. Ela interpretava Angela, a quatro olhos, enquanto Selena interpretava Gianna, a bonitinha. Na sua adolescência, ela conseguiu o papel principal no filme do Disney Channel, Camp Rock, que deu origem a turnês com a boyband adolescente Jonas Brothers e ao papel de Sunny Monroe, na comédia Sunny Entre Estrelas, no Disney Channel.

Apesar de Demi ter conseguido mascarar suas inseguranças, não conseguiu levar muito longe. Por trás da camada brilhante, havia um trauma emocional. O pai biológico de Demi era bipolar, esquizofrênico e batalhava com vícios em drogas e álcool, sua mãe passou por um distúrbio alimentar até então desconhecido e também sofria de depressão. Demi mal era jovem o suficiente para entender pelo que os pais estavam passando, mas o impacto em suas doenças fizeram com que ela se tornasse uma criança que cresceu antes da hora.

‘Eu era sempre a garota que preferia sair com adultos, escutar suas conversas, do que brincar de pique-esconde com as crianças da minha idade,’ ela diz. Em particular, ela não consegue se lembrar de ter um relacionamento normal com a comida. Aos 8 anos, ela comia de maneira compulsiva (‘Eu fazia biscoitos e comida a bandeja toda’) e isso a levou gradualmente mas inexoravelmente a um ciclo de compulsão, passar fome e forçar para ficar doente até vomitar sangue.

Aos 12 anos, Demi saiu da escola devido ao bullying. Olhando para trás, ela acredita que os responsáveis pelo seu sofrimento devem ter inveja de seu sucesso agora. “Eu tinha acabado de me apresentar com uma artista chamada JoJo; minhas amigas eram fãs dela, mas elas não chegaram a conhecê-la e eu sim. Eu me senti desconfortável dizendo que elas ficaram com ciúmes, então eu disse a mim mesma que elas me odiavam porque eu era gorda. Elas estavam me dizendo que eu era gorda, então isso me fez sentido – e isso ficou grudado na minha cabeça.”

Na mesma época, ela sofreu ferimentos leves em um acidente de carro e foi prescrita alguns analgésicos. “Foi assim que o abuso de substâncias começou. Eu gostava da sensação que eles me davam – eles meio que anestesiavam tudo – e eu também de “furtar” comprimidos a mais da bolsa da minha mãe sem ela saber.

E assim, com o sucesso de Demi aumentando ao passar de sua adolescência, sua vida começou a sair do controle. Estudar em casa significava que seus horários eram flexíveis e poderia ter mais tarefas. “Tudo disparou tão depressa, quase como um foguete, o que foi muito legal, mas o lado negativo foi o que eu pensei: Bem, eu estou trabalhando como uma adulta, então eu deveria festejar como uma.” Principalmente para ampliar o sucesso de Demi, a família se mudou para Hollywood, quando ela tinha 15 anos. Dallas também tentou a carreira como atriz, mas desde então, se tornou professora de atuação.

“Eu acho que me assistindo aos olhos do público a fez perceber que ela não queria a minha vida,” disse Demi. Eddie desistiu de sua concessionária de automóveis para se tornar empresário de Demi e ela era, efetivamente, o ganha-pão da família. “Eu estava conseguindo muito dinheiro e quando meus pais [sua mãe e padrasto] pegavam no meu pé por beber e saindo até tarde, eu dizia: “Eu pago as contas aqui, então o que vocês vão fazer?” Eu estava numa onda de me achar superior e eles ficavam numa posição difícil, porque não há nenhum manual em que se explica como lidar com o tipo de adolescente que eu era.”
A única pessoa que não estava tendo problemas com Demi era o seu pai biológico, cada vez mais ausente em sua vida. Durante seus raros contatos, ela lembra: “Ele começou a ter delírios e eu já não conseguia decifrar quando ele estava dizendo a verdade ou estava mentindo. Isso doía demais, então no final, eu cortei toda a nossa comunicação.”

Muitas das canções de Demi foram escritas sobre o seu tenso relacionamento com Patrick Lovato. Em “For The Love of a Daughter” de seu álbum “Unbroken”, ela canta: “Oh pai, por favor pai, coloque a garrafa no chão.” E em “Shouldn’t Come Back” – uma música que ela diz não conseguir mais ouvir que está no seu álbum “DEMI” – suas letras dizem: “Tentar não esquecer deve ser mais fácil do que isso. E todos os aniversários que você perdeu, eu era só uma criança.”

No entanto, testemunhar os danos que o álcool e drogas causaram no seu pai não foram o suficiente para impedirem que Demi seguisse o mesmo caminho. “Eu sempre me tentei convencer de que, se eu estava bebendo e usando com outras pessoas, eu não seria como ele. Contanto que eu estivesse festejando, eu era apenas uma adolescente normal,” ela disse. A realidade era que ela tinha secretamente começado a beber e usar drogas por conta própria – e ela também havia se auto-mutilado por anos.

O limite de Demi foi rompido em outubro de 2010, pouco depois de seu aniversário de 17 anos quando, durante uma turnê pela América do Sul com os Jonas Brothers, ela socou uma dançarina, a quem considerava uma amiga. “Eu estava fazendo shows de estômago vazio. Eu estava perdendo a minha voz. Eu era auto-medicada e estava tão maluca emocionalmente que eu descontei em alguém que significava muito para mim,” ela disse depois. Aceitando a responsabilidade 100% para o que foi considerado um colapso muito público, Demi concordou em ir para a reabilitação.

Um incentivo a mais foi feito por sua mãe, que disse que ela não poderia chegar perto de sua irmã mais nova, a menos que ela buscasse ajuda. “Minha mãe me fez perceber que a minha vida estava uma confusão e, embora eu tivesse muito sucesso, eu também estava muito sozinha e miserável. Eu amo a Madison e uma das principais razões para eu ficar melhor era que eu não queria ficar longe dela.”

Durante os 3 meses que passou internada no centro residencial de Timberline Knolls, em Illinois, Demi soube que estava usando todos os seus vícios – as drogas, álcool, auto-mutilação e seu distúrbio alimentar – para lhe dar uma falsa sensação de controle. “Eu estava trabalhando com uma agenda exaustante e, embora eu não conseguia parar o impulso disso, eu acreditava, erroneamente, que os meus comportamentos viciantes eram algo que eu estava no comando. ”

Ela também aprendeu que, como seu pai, era bipolar. “Me lembro do dia que fui diagnosticada, finalmente tudo fez sentido. Eu estava vivendo com essa mania – momentos em que eu passava noites escrevendo músicas, pensando como eu poderia conquistar o mundo, e também tinha essas depressões profundas, quando tudo o que eu queria era fechar a porta e não falar com ninguém. E é por isso que eu me isolava – tentava lidar com a dor.”

A recuperação de Demi não foi uma coisa do dia para a noite. Apesar de lançar seu terceiro álbum Unbroken em 2011, ela teve diversas recaídas, então um ano após sair da reabilitação, ela se mudou de seu luxuoso apartamento em Los Angeles para uma “casa de sóbrios” onde ela poderia ter acesso instantâneo a conselheiros e teria apoio ao compartilhar suas experiências com os outros viciados.

Ela ficou lá durante todo 2012 enquanto trabalhava ao lado de Simon Cowell como jurada na versão ameriana do The X Factor. Enquanto isso, em uma extraordinária virada de eventos, os terapeutas de Demi puxaram a mãe da cantora para um lado e sugeriram que ela também deveria lidar com seus próprios problemas. “Eu tive um distúrbio alimentar terrível, que tive durante muitos anos, sem perceber disso”, disse Dianna. “E muito do que Demi passou com seu distúrbio alimentar tinha a ver com o que eu tinha visto enquanto crescia”.

“Minha mãe é uma heroína”, diz Demi. “Não há muitos pais que falam publicamente como ela fez e eu estou tão orgulhosa dela”.

Enquanto Demi e sua mãe se tornaram mais fortes do que nunca – na verdade sua mãe faz parte de sua comitiva, em Londres – a história que cerca o pai dela tem um fim irremediavelmente triste. Patrick Lovato morreu no ano passado, com 54 anos, de câncer. Ele nunca se recuperou de seus problemas mentais e ele e Demi nunca se reconciliaram, mas Demi compareceu ao seu funeral. Durante a cerimônia, ela conheceu sua meia-irmã Amber, 30 anos, que foi o fruto de um antigo casamento de seu pai.

“Ela e eu demos as mãos e foi um gesto doce. Ela disse que nunca tentou fazer contato comigo antes porque não queria que eu pensasse que ela queria algo de mim. Desde que fiquei famosa, eu tive vários primos que saíram da toca, então ter uma irmã que se reteu – isso me fez perceber que eu podia confiar nela”. Encontraram coisas em comum? “Sim, nós tivemos experiências e problemas semelhantes, somos fortes e passamos por isso. E nós continuaremos em contato”.

Em um esforço determinado de garantir coisas positivas após a morte de seu pai, Demi também lançou o “The Lovato Treatment Scholarship” em sua memória. O esquema é gerenciado pelo Cast Recovery – o mesmo centro que Demi ficou na casa de sóbrios de Los Angeles – e cobre as despesas de alguém que está sofrendo com problemas mentais e dependências.

Hoje, as cicatrizes de Demi dos dias que ela se auto-mutilava estão escondidas por tatuagens em seus pulsos, que dizem “Stay” e “Strong” – uma palavra em cada pulso. Ela tem muitas outras tatuagens, incluindo uma pena atrás da orelha e um bando de pássaros em seu braço direito – “Eles simbolizam liberdade para mim”, ela diz. Ela também tem múltiplos piercings nas orelhas e regularmente faz experimentos com a cor e estilo dos cabelos – para a recente Neon Lights Tour, ela raspou um lado da cabeça. “Quando eu era impulsiva antes, eu fiz muitas escolhas ruins, então essa é uma forma inofensiva de me expressar. Às vezes, você só quer pintar seu cabelo de rosa, e eu não tenho medo de fazer isso”.

Ela toma medicações diárias para gerenciar seu transtorno bipolar, mas o uso de drogas ilícitas está em seu passado e faz mais de dois anos que ela não toma bebida alcoólica. “É um dia de cada vez” ela diz. “Se eu pensar que eu nunca serei capaz de tomar um copo de vinho no jantar, eu fico ansiosa. E às vezes eu sinto que eu quero ir a um bar e tomar algumas bebidas, mas eu sei aonde vou estar em seis semanas ou seis meses se eu fizer isso. Nós somos uma raça diferente, nós alcoólatras, mas é como ter qualquer outra doença – você tem que aprender a viver com ela”.

Em vez de se forçar a ficar sóbria numa festa de 21 anos no agosto passado, ela foi para o Quênia e passou várias semanas construindo uma escola na aldeia. “Eu gostaria de fazer algo que me pegasse completamente fora de mim e ajudar os outros é a melhor maneira de se sentir melhor – egoisticamente o suficiente”.

Quanto ao seu transtorno alimentar, que também, é um dia de cada vez. Ela monitora seu consumo de alimentos de perto. “Trata-se de comer o que é bom para o seu corpo, mesmo quando você não quer, e não deixar essas vozes entrarem na sua cabeça”, ela diz.

A única área que Demi opta por não se abrir é a de relacionamentos. Ela teve namorados de alto perfil, incluindo Joe Jonas e o ator Wilmer Valderrama, “E o problema quando você vai a público com uma relação pessoal é que quando acaba, acaba publicamente”, ela diz. Ela não reconhece, mas, qualquer um que a eleva sobre suas necessidades é capaz de lidar com suas complexidades emocionais: “Eu seria um pouco esmagadora para alguém que não está em um nível de maturidade para me apoiar mentalmente”.

Lendo o livro de Demi – uma coleção de seus pensamentos entregues em um formato de 365 dias é um guia poderoso, não só para adolescentes, mas para pais – Eu estou impressionado com o pensamento de que ela é uma alma velha num corpo jovem. “Eu às vezes penso que tive três vidas em uma”, diz ela. “Mas eu ainda estou aprendendo sobre quem eu sou; e não acho que cheguei lá ainda”. Durante o tratamento, ela se lembra de dizer a sua gerente de caso: “Eu posso ficar sóbria mas eu não acho que posso ser feliz, só não é possível para mim”. E agora ela diz, “Eu sou feliz mas eu percebi que experimentar a felicidade é algo que você ganha quando você se dá ao trabalho”.

É a hora de voltar ao hotel, mas antes que ela faça isso, ela me conta que tem mais uma coisa a fazer: “Minha reunião no Alcoólicos Anônimos. Para ser honesta, eu estou exausta depois dessa sessão de fotos, mas eu estou indo porque sei que isso é bom para mim”. Sempre que ela está em turnê, ela faz com que seja prioridade saber o dia da reunião do AA. “Se eu não for eu começo a me sentir vacilante”.

Lá, no meio dos estranhos, ela vai continuar a compartilhar sua história: “É ser capaz de fazer isso para me sentir normal nesse mundo que não é tão normal”.

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